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A terapia mais recomendada para a obesidade ainda é a mudança do estilo de vida. Mas para muitos, tanto a perda de peso como a sua manutenção são extremamente desafiadoras. Para essas pessoas, surge uma nova esperança: a estimulação transcraniana por corrente contínua, técnica de modulação não invasiva da atividade cerebral.
Essa técnica, que utiliza corrente elétrica contínua e de baixa intensidade, emitida diretamente na área cerebral de interesse por meio de pequenos eletrodos, já vem sendo utilizada em várias partes do mundo para tratar enfermidades neuropsiquiátricas e outras doenças, e agora começa a ser usada para o controle da obesidade.
A novidade no Brasil, segundo o professor Miguel Alonso, diretor do laboratório Bariatric and Nutritional Neuroscience, Beth Israel Deaconess Medical Center, Harvard Medical School e parceiro dos pesquisadores brasileiros da FMRP, é que o estudo será mais amplo e completo. “Será um passo mais adiante do que foi feito até agora, que é entender melhor o potencial da eficácia da estimulação para a perda de peso no contexto clínico da obesidade. Cerca de dez estudos estão sendo feitos em outras partes do mundo, mas todos de curta duração, com número de sessões muito limitado”, enfatiza Alonso.
Segundo as pesquisadoras responsáveis pelo estudo na FMRP, Priscila Giacomo Fassini e Vivian Marques Miguel Suen, a técnica afeta os mecanismos que ajudam a reduzir o desejo de alimentos e a ingestão alimentar. “Esta técnica melhora os processos cognitivos, que são chave para a autorregulação do comportamento alimentar.”
Na FMRP, o presente estudo randomizado, duplo-cego e controlado (quando nem pesquisadores nem pacientes sabem quem está tendo o tratamento testado e quem está recebendo apenas placebo), tem como finalidade avaliar os efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua, isoladamente e em combinação com uma dieta hipocalórica no peso corporal. O objetivo é de auxiliar a perda de peso e evitar a recuperação de peso ao longo do tempo. “Esta proposta inovadora de pesquisa clínica exploratória utiliza uma intervenção biomédica que poderia transformar o paradigma para a perda de peso e a manutenção da perda de peso, oferecendo uma nova forma de tratar a obesidade.”
A pesquisa na FMRP incluirá mulheres de 20 a 40 anos com índice de massa corpórea (IMC) entre 30 e 35 kg/m2 e consistirá em uma sessão inicial de estimulação cerebral não invasiva. Na segunda fase, as participantes receberão um total de dez sessões de estimulação cerebral durante o período de duas semanas. Na terceira fase, será iniciada uma dieta hipocalórica individualizada associada a mais duas semanas de estimulação cerebral.
Colaboram com o estudo, o professor Júlio Sérgio Marchini, da FMRP, a pesquisadora Sai Krupa Das, da Tufts University, e os pesquisadores Miguel Alonso e Greta Magerowski, da Harvard Medical School, dos Estados Unidos.
A professora Vivian lembra que a obesidade é um problema global e, no Brasil, está crescendo, enquanto nos Estados Unidos está se mantendo, segundo o professor Alonso. “Necessitamos tratamentos para beneficiar os pacientes para esse grande problema de saúde pública”, lembram.
Mais informações: e-mail priscilafassini@usp.br
Todas informações foram tiradas do site do jornal da usp
http://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/usp-testa-estimulacao-cerebral-contra-obesidade/